segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage


Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage
poeta português, natural de Setúbal, nascido a 15 de Setembro de 1765, falecido a 21 de Dezembro de 1805 em Lisboa. Era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa e de D. Mariana Joaquina Xavier Lestoff du Bocage, de origem francesa.

Foi uma figura que viveu num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico, isto é, pré-romântico da literatura portuguesa do século XIX.
Não se sabe que escolaridade tinha, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim.
A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e a sua mãe faleceu quando ele tinha dez anos.

Em 22 de Setembro de 1781 assentou praça como voluntário e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783. Nessa data, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, surge nomeado guarda-marinha por D. Maria I.
Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro em finais de Junho.
Foi preso pela inquisição, e na cadeia traduziu poetas franceses e latinos.
A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras.

Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades.

Em 1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”.

No início da década de noventa, aderiu à "Nova Arcádia", uma associação literária, controlada por Pina Manique.
Em 1797, Bocage foi preso mais um vez, na sequência de uma rusga policial, lhe terem sido detectados panfletos apologistas da revolução francesa e um poema erótico e político, intitulado "Pavorosa Ilusão da Eternidade", também conhecido por "Epístola a Marília".

Em Fevereiro de 1798, foi entregue pelo Intendente Geral das Polícias, Pina Manique, ao Convento de S. Bento e, mais tarde, ao Hospício das Necessidades, para ser "reeducado". Naquele ano foi finalmente libertado.
Em 1800, iniciou a sua tarefa de tradutor para a Tipografia Calcográfica do Arco do Cego, dirigida pelo cientista Padre José Mariano Veloso.
A partir de 1801, até à sua morte em 1805, com 40 anos, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o nº 25 da travessa André Valente em Lisboa.
Está sepultado na Igreja das Mercês.

Considerado como um dos melhores poetas lusitanos, e depois de Camões o mais popular e celebrado de todos, sendo suas publicações pessoais mais conhecidas o 1.º volume de Rimas, os Queixumes do pastor Elmano (1791), os Idyllios maritimos (1791), o 2.º tomo das Rimas (1799) e o 3.º (1804).

 
 
A sua figura (poeta Bocage) foi também impressa nas notas de 100 escudos, que circularam durante muitos anos em Portugal, no final do século XX.

Em Setúbal, no centro histórico está uma estátua em
mármore branco e mede 11 metros de altura, que homenageia o poeta Bocage, também a praça onde está situada tem o seu nome.
A 15 de Setembro, data de nascimento do poeta, é feriado municipal em Setúbal.


O Bocage é também conhecido graças às suas anedotas, as quais nos transmitem o que ele era e a vida boémia que levou durante anos.
  
Eis um dos sonetos do poeta Bocage (Elmano Sadino):


Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co´o sacrílego gigante.

Como tu, junto ao Ganges sussurante,
Da penúria cruel no horror me vejo.
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és, mas . . . oh, tristeza! . . .
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza

Bibliografia:



  


 Inês Calmeiro

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